A Cachaça e a Água que Passarinho não bebe
Resumo
A pegada hídrica tem se tornado um indicador relevante nos dias de hoje, dados os frequentes episódios de escassez hídrica e a premente necessidade de compreender e identificar eventuais ineficiências nos processos produtivos, no que tange ao uso e consumo de nossos recursos hídricos. Nesse sentido, o presente artigo apresenta estudo para estimar o uso consuntivo da água no processo de fabricação artesanal da cachaça, segunda bebida alcoólica mais consumida no Brasil. Com esse objetivo, são descritas inicialmente as etapas componentes desse processo tendo como estudo de caso um alambique artesanal de pequeno porte. Após várias pesquisas na Internet e em artigos sobre o tema, percebeu-se a carência de informações suficientes para quantificar a pegada hídrica na fabricação deste produto. Inicialmente, é apresentado o conceito de pegada hídrica. Em seguida, são elencadas as técnicas mais usuais de irrigação do principal insumo do processo, ou seja, a cana-de-açúcar. Uma visita a um alambique artesanal no Estado do Rio de Janeiro permitiu uma compreensão mais detalhada do uso da água nas etapas de fabricação da aguardente, bem como a percepção de que processos artesanais de pequeno porte como o alambique visitado evidenciam que a aproximação do trabalhador com o resultado final de seu trabalho, proporcionada por esse tipo de processo produtivo, desperta e reforça a consciência e valoração do meio ambiente. Os cálculos preliminares aqui apresentados concluíram que a pegada hídrica da produção da cachaça artesanal é, de aproximadamente 110 litros de água por litro de cachaça.