O Cenário da mulher na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Pará

Autores

  • LIGIA DA PAZ DE SOUZA

Resumo

Na engenharia, a mulher convive com o machismo e discriminação, com assédio sexual e moral, e passa por situações constantes de testes à sua capacidade até encontrar seu perfil profissional como engenheira e integrar-se à comunidade de engenheiros. Neste contexto, o presente trabalho buscou analisar a atual situação da mulher nos cursos de engenharia da Universidade Federal do Pará (UFPA), através da aplicação via internet de um formulário destinado a 90 (noventa) discentes do sexo feminino da Escola de Engenharia da UFPA, com perguntas de múltipla escolha e espaço para relatos, abordando a problemática existente no local, os desafios ainda presentes neste meio acadêmico e as possíveis reflexões de tais situações no futuro profissional. Também se verificou o Centro de Processos Seletivos da UFPA (CEPS) para coleta dos números de aprovados, de 2011 a 2018, por sexo/gênero nos cursos de engenharia, pelo do Processo Seletivo da UFPA e pelo Exame Nacional do Ensino Médio, correspondendo a uma análise do interesse das mulheres em relação aos cursos de engenharia. Percebeu-se que o ingresso de homens, em relação às mulheres, possui maiores números, principalmente nos cursos de Engenharia Civil, Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica. Os cursos de Engenharia de Alimentos e Engenharia Sanitária e Ambiental apresentaram maior dominância do público feminino e o curso de Engenharia Química permaneceu com números equilibrados entre os dois sexos. Em cálculos específicos de 2011 a 2018, apesar da maioria homem, notou-se a maior busca da mulher em áreas que eram mais restritas a homens e que possuíam percentual baixo de interesse feminino. Quanto aos relatos das entrevistadas, percebeu-se que as mulheres enfrentam, desde a escolha do curso, situações de discriminação, desrespeito, assédios morais e sexuais e intimidações. Das 90 entrevistadas, 61% afirmaram já ter sofrido assédio por parte dos professores e alunos, 37% foram agredidas por alunos e 11% por professores (sendo agressões dos tipos morais, sexuais e psicológicas). Tais tipos de ocorrências são, muitas vezes, vistas como parte do processo e do curso, assim as mulheres buscam, cada vez mais, se adaptar em tais ambientes de forma a superar as barreiras sociais impostas, fazendo-as a tomar atitudes constantes para provar as suas capacidades de seguirem a profissão que escolheram, se esforçando mais e buscando um mercado que as valorizem como mulheres engenheiras e não as enxerguem como mulher de forma sexualizada.

Downloads

Publicado

2018-12-01

Edição

Seção

Engenharia e gênero/ Perspectiva feminista na tecnologia