Sobre a Revista
O Encontro Nacional de Engenharia e Desenvolvimento Social (ENEDS) - www.eneds.org.br - é um evento que se propõe a pautar a engenharia e a formação dos estudantes através de uma ampla discussão sobre o papel da engenharia no desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária. O evento busca evidenciar a relação da engenharia, em todas as suas áreas de atuação, com o desenvolvimento social, fazendo conexões entre universidade, movimentos sociais e poder público. O evento reúne estudantes de graduação das engenharias e áreas afins, professores, pesquisadores, gestores públicos, empreendedores solidários, movimentos sociais, entidades da sociedade civil, políticos e membros do Estado no esforço de questionar as bases científicas do modelo de desenvolvimento atual que influem diretamente nas pesquisas e na formação em engenharia nas universidades e centros de pesquisa do país. Desde sua criação, em 2004, o evento vem trazendo várias pautas para problematização da academia e exemplos de projetos bem-sucedidos na área de: tecnologias sociais de baixo custo e de baixo impacto ambiental; economia solidária; organização de trabalhadores de forma associativa ou cooperada; diferentes formas de geração de trabalho e renda; economia social; políticas sociais e públicas; metodologias participativas; e desenvolvimento local.
ISSN 2594-7060
Edição Atual
O XVIII ENEDS foi realizado, com a participação de 350 pessoas, na Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, entre os dias 30 de outubro e 1 de novembro de 2023, tendo como tema o seguinte mote: “Crise e transição: engenheirando alternativas”. O evento foi organizado pelo Núcleo Alternativas de Produção da UFMG, em parceria com cinco universidades: UFV, UNIFEI, UFOP, UFVJM e UFRJ.
As mesas tiveram como temas a formação em engenharia; o modelo de exploração mineral e alternativas de superação; plataformismo, cooperativismo de plataforma e trabalho; e a crise do capitaloceno e a transição. As discussões que ocorreram nas mesas procuraram apresentar um olhar crítico sobre cada um dos temas, a partir da análise de pesquisadores, sendo confrontadas com experiências concretas de alternativas que poderiam apontar um sul para os problemas analisados. Esta escolha metodológica e também política, colocou como protagonistas dos debates os próprios agentes da transformação, como estudantes de engenharia, quilombolas, agricultores familiares, desenvolvedores de softwares livres, lideranças comunitárias e catadores de materiais recicláveis cooperados.
Estas discussões puderam ser complementadas com a prática das visitas técnicas, minicursos e oficinas que foram desenvolvidas ao longo do evento, dando ênfase a iniciativas populares e periféricas de produção, geração de renda e tecnologias sociais que contribuam para uma transição ecológica, econômica e social num país subdesenvolvido, com uma estrutura colonialista, racista e patriarcal como o Brasil.
No total foram apresentados 49 artigos e relatos de experiências, divididos nas seguintes temáticas: Meio Ambiente e Saúde; Água e Energia; Trabalho e Catadores; Habitação e Território; Escolas e Gênero; Formação nas Engenharias; Cooperativas e Incubadoras (gestão); e Software e Agricultura Familiar. Os trabalhos apresentados desenvolveram conceitos teóricos, analisaram estudos de caso e apresentaram discussões metodológicas sobre demandas populares que podem (e devem) ser tratadas pela engenharia. Nos anais do XVIII ENEDS ficarão registrados estes estudos, que poderão suscitar novos projetos de pesquisa e extensão universitários que estejam engajados na mudança radical da nossa sociedade.
Abraços solidários,
Comissão científica do XVIII ENEDS:
Camila Laricchia (UFRJ)
Celso Alvear (UFRJ)
Douglas Gonçalves (UFMG)
Hudson Antônio (UFMG)
Leonardo Ferreira Reis (UNIFEI)
Lucas Paz (UFMG)
Marcelo Souza (UFMG)
Mariana Ramos (UFRJ)
Wagner Curi (UFOP)